Se Eu Morresse Amanhã!
Álvares de Azevedo
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que dove n’alva
Acorda a natureza mais loucã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Quando eu era pequena, uns 10 anos, o meu avô faleceu e minha avó resolveu dar todos os livros (e ele tinha muitos).
Mas, sabe deus pq ficou com a coleção Tesouros da Juventude.
E eu adorava esses livrinhos azuis, ficava horas na garagem lendo as histórias, fazendo as experiências e principalmente copiando as poesias.
A minha preferida era esta o Álvares de Azevedo.
Repetia, repetia e repetia. Achava o máximo! Lembro que ficava impressionada como o poeta entendia a minha dor de ter que crescer e a efemeridade da vida (yeah, right!?!? tá bom que eu pensava isso nakela época, hehehe)
Bom, só me lembro que gostava tanto desta poesia que resolvi me inscrever na competição de declamação.
NINGUEM SE INSCREVEUUUUUUUUUUUUU….veja bem….na verdade só eu e uma garota de 18 anos, terceiro colegial e que iria seguir para artes cênicas.
Mas, eu curtia tanto esta poesia que precisava declamar, precisava expressar a minha dor da vida que devora!
Fiquei ouvindo o show de interpretação da menina do colegial.
E quando chegou na minha vez: AMARELEI!!!
Gaguejei…esqueci tudo…como eu podia ter esquecido a minha poesia favorita!??! Oh! Álvares se revirou no caixão.
E então, uma voz, rouca, teatral e meio cansada, começou a declamar o poema.
Era o prof. Alceu! De teatro! Ele me ajudou a evitar um dos momentos mais constrangedores de toda a minha vida.
Com a voz imponente dele, evitou uma vaia imensa que iria começar a qualquer minuto e também não deixou que um copinho de suco voasse em minha direção.
Prof. Alceu (ou, – O prô, vem vindo!) aonde estiver: muito obrigada!
Como eu admiro as pessoas que ensinam…
Paty, que tenhamos muitos “professores” ao longo de nossas vidas!
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